Autor: Nauraína Rocha Martins
Mestranda Ciências Sociais e Políticas Públicas PUC Minas | Instrutora de Mediação Judicial pelo CNJ
Com o impacto da pandemia na economia, no ano de 2020 muito se falou sobre as expectativas de trabalhos, e na capacidade de desenvolver habilidades que atendam tendências do futuro, e que instrumentalize para reflexões sobre questões do presente.
Anualmente, o World Economic Forum divulga um relatório sobre o futuro do emprego. The Future of Jobs Report 2020, apresentou uma lista das habilidades mais relevantes para o futuro, relacionadas às Soft Skills:
⦁ Resolução de problemas complexos
⦁ Relacionamento interpessoal
⦁ Concepção crítica
⦁ Pensamento criativo
⦁ Gestão de pessoas
⦁ Comunicação eficaz
⦁ Empatia
⦁ Colaboração
⦁ Negociação
⦁ Flexibilidade
⦁ Liderança
⦁ Visão geral
⦁ Ética
Veja no tópico a seguir como se relacionam com o critério de autoconhecimento, primordial no desempenho técnico, desenvolvidos durante a capacitação de um mediador.
Não há dúvidas que o reconhecimento e ampliação de competências que dizem respeito ao comportamento do indivíduo atreladas à sua personalidade, já são um ponto determinante para qualquer profissional que pretenda estar em destaque.
As transformações no mercado avançam no sentido de exigir do profissional o “treinamento” da sua inteligência emocional, tanto no desempenho de suas atividades, quanto em atividades relacionadas ao seu cotidiano. O que nos faz constatar duas circunstâncias impostas no atual contexto: primeiro, a necessidade de estabelecer metas para o desenvolvimento pessoal; e segundo, a ampliação de relacionadas capacidades, tão importantes como a ocorrência de atualização na formação específica da sua área de atuação.
Devemos aqui ressaltar, que algumas características podem ser conquistadas com o passar dos anos de trabalho. No entanto, também não podemos deixar de apontar, o enorme esforço para que haja uma legítima percepção do indivíduo. E, aqui podemos destacar os benefícios de experienciar os recursos oferecidos durante os cursos de capacitação e aperfeiçoamento de mediadores.
A MEDIAÇÃO PODE AJUDAR A CONQUISTAR SOFT SKILLS?
Assimilar que Soft Skills está relacionada diretamente à atuação do mediador é um exercício fácil, pois é o que se espera de um profissional da mediação. A questão mais cuidadosa é vislumbrar como a capacitação em mediação pode auxiliar no desenvolvimento de tais habilidades.
Embora indispensável à base teórica, a capacitação se dá no ambiente prático. É um treinamento baseado em competência, e não se baseando em tempo (FOYSTER, 1990).
O Manual de Mediação Judicial , utilizado como bibliografia base nos cursos de capacitação de mediadores judiciais no país, destaca que a unidade de progresso consiste na maestria de conhecimentos específicos e principalmente habilidade e foca-se preponderantemente no participante e na sua habilidade concreta.
Nesse sentido, dois termos que ganham destaque em treinamentos baseados em competências são: i) habilidades – um grupo de tarefas desenvolvido dentro de um nível específico de proficiência quando requerido; e, ii) competência – uma habilidade desenvolvida em padrões específicos em decorrência de conhecimento técnico e postura ou propósito adequado.
O citado Manual contempla indicações da doutrina em mediação e na análise de programas de formação e treinamento de mediadores no Brasil e no exterior, elenca o rol de competências e as condutas ou comportamentos relacionados a cada uma destas. Com referenciais de metas sobre o desenvolvimento básico, intermediário e avançado sobre as competências pretendidas.
Sem a pretensão de serem exaustivas estão entre elas:
⦁ Competências autocompositivas
⦁ Competências cognitivas quanto ao conflito
⦁ Competências perceptivas
⦁ Competências emocionais
⦁ Competências comunicativas
⦁ Formulação de pedidos
⦁ Competências de pensamento criativo
⦁ Competências de negociação
⦁ Competências de pensamento crítico.
Não obstante, também, compete relacionar alguns dos conteúdos e recursos pedagógicos trabalhados durante a capacitação de um mediador, como: Técnicas autocompositivas; Comunicação Não-violenta; Teoria do Conflito; Desenho do sistema de solução de conflitos (Dispute System Design); Negociação baseadas em princípios; Teoria dos Jogos; Escuta ativa; Rapport; Práticas colaborativas; dinâmicas e simulações de casos práticos; Supervisão durante o módulo prático (C.H. 60 horas) com carga horária superior ao módulo teórico (C.H. 40horas) etc..
Sem a pretensão de esgotar o assunto, ou delimitar referências ante os diversos programas de capacitação existentes no mercado nacional e internacional, aqui vai uma excelente dica para o profissional com sólida formação formal, mas que deseja se adaptar aos novos tempos: faça um curso de capacitação de mediadores judiciais, e/ou privados!
A Política Pública que tratamento dos conflitos judiciais no país (Resolução n. 125/2010, CNJ), evidencia o alcance instrumentalizado para Soft Skills em seu programa de capacitação de mediadores e conciliadores.
A interdisciplinaridade e multidisciplinaridade são os traços exponenciais do programa de capacitação, o que permite se destinar a variadas áreas de conhecimento, como os graduados em Direito, Administração, Economia, Contabilidade, Psicologia, Sociologia, Pedagogia, gestores de RH, estudantes, juristas e demais interessados com qualquer curso superior completo ou em andamento.
Desta forma, profissionais que lidam, direta ou indiretamente, com relações humanas, que detêm as Hard Skills e ambicionem ampliar Soft Skills para lidar com situações de impasse, dinamizar uma comunicação empática, produzir soluções criativas e estimular o autoconhecimento, a mediação pode ser um caminho interessante. E, quem sabe, se descobrir como um grande pacificador.
Já você, que já atua com profissional da mediação, fica o convite ao constante aperfeiçoamento no desempenho de sua atuação, afinal, as Soft Skills é o meio e o resultado de seu trabalho.
