Autor: Suzelaine Carvalho de Moura Segato
Durante muito tempo, acreditou-se que a judicialização de uma disputa seria a única forma de resolver um conflito. As partes envolvidas em divergência não vislumbravam outra saída senão o judiciário. Atualmente, embora seja ainda muito comum esse pensamento, já se sabe que o sistema judiciário seria ainda mais eficaz se os métodos auto compositivos fossem mais utilizados.
Boa parte da resistência às formas alternativas de resolução de conflitos se dá em razão da pouca informação sobre elas. Muitas pessoas ainda não compreendem os benefícios propostos pela mediação, por exemplo, por desconhecerem que, na verdade, esse método visa auxiliar os interessados a resolverem seus conflitos por si mesmos. A mediação almeja a solução da desavença, beneficiando as partes envolvidas de maneira rápida e prática, sem que seja necessária de intervenção do Poder Judiciário, proporcionando maior qualidade de vida aos envolvidos e a resolução mais assertiva e satisfativa da demanda.
Os conflitos fazem parte da vida e precisamos nos ater à maneira como buscamos resolvê-los. Em tempos pandêmicos, aprendemos que a empatia é a melhor forma de compreender o quanto nossas atitudes podem agravar uma situação, ainda mais se tratando de um litígio.
Ainda que estejamos expostos a uma situação difícil, a forma como lidamos com os problemas fará total diferença sobre as mudanças que desejamos no mundo.
Atuando como advogada, lidando diretamente com os problemas e necessidades das pessoas, tenho, a cada dia, buscado uma advocacia humanizada, me permitindo compreender de uma forma mais profunda o que cada cliente realmente necessita e deseja.
Por mais arraigada que esteja a cultura do litígio, o advogado pode atuar para impedir o agravamento da situação, possibilitando que seus clientes tenham a opção de resolver seus conflitos por meio da mediação e ainda possam conviver de forma harmoniosa.
Muitas vezes, este desejo está latente no cliente: querer uma solução que não dependa de um processo judicial.
Porém, aquela primeira reação “Vou te processar!” parece o caminho mais óbvio, em especial, quando as pessoas desconhecem a eficácia dos métodos alternativos. Essa reação pode ser ainda mais intensa se os próprios profissionais induzem seus clientes a crerem que esta seja a única, ou a melhor, solução. E, evidentemente, contribuem para uma sobrecarga no sistema judiciário e, em algumas situações, uma longa espera por uma decisão judicial.
Nem toda história precisa de um vilão, mas toda história precisa de uma solução! Melhor ainda quando a solução é amigável, saudável, barata e rápida.
A autocomposição ainda é pouco conhecida e praticada. Há pouca compreensão de seu enorme potencial.
Por meio da mediação e conciliação, as partes podem expor seu pensamento e têm oportunidade de solucionar questões importantes de um modo cooperativo e construtivo. As partes conseguem isso participando e prestando assistência na obtenção de acordos, o que pode constituir um novo modelo de conduta para as futuras gerações, criando um ambiente em que as pessoas possam dialogar produtivamente sobre seus direitos e obrigações. Somente assim, poderemos mudar a cultura do conflito para a do diálogo!
Há muitas razões para incentivarmos cada dia mais o crescimento da autocomposição. Os mediadores e conciliadores trabalham de acordo com princípios fundamentais, como, confidencialidade, decisão informada, competência, imparcialidade, independência, autonomia, respeito à ordem pública e às leis vigentes, e além de tudo, a mediação e conciliação são, incomparavelmente, formas mais econômicas de se resolver conflitos, permitindo a participação ativa dos envolvidos na construção da solução.
A cada cliente tem sido um novo aprendizado e, auxiliar uma pessoa que deposita em você a confiança de resolver sua dor quando nem ela mesma sabe mais o que fazer, proporcionar a resolução da sua aflição e permitir que os dois lados saiam mais leves, não tem preço!
Respeitar o sentimento e compreender a dor do outro te torna um profissional e um ser humano melhor, pense nisso!
Autora: Suzelaine Carvalho de Moura Segato
Bacharel em direito, formada pela Universidade São Francisco e advogada Trabalhista em Amparo/SP.
Conheça mais sobre a autora em seu Instagram: @advsuzelainemoura
2 respostas
Que bom se todos pensassem dessa forma! Certamente seríamos mais humano e viveríamos dias melhores em tempo difíceis !
Excelente artigo, extremamente necessário abordarmos a importância da mediação como solução dos conflitos! Parabéns!